A aprovação de um projeto de lei na Câmara que permite a inscrição de mensagens bíblicas nos contracheques dos funcionários do Legislativo reacendeu o debate sobre o limites do religioso na política e na sociedade. O vereador Flávio Cheker votou a favor da proposta. Ele ressaltou ser completamente a favor da instituição de um Estado laico no país, sem confissão religiosa, em particular no que se refere à educação. Contudo, isso não deve levar a interdição do elemento religioso na vida pública.
De acordo com o parlamentar, é quase impossível negar que a religiosidade faz parte do cotidiano do povo brasileiro. Há, para ele, uma certa “tradição de informalidade religiosa”, numa rua de mão dupla entre governantes e população, o que acaba permitindo — e fazendo parecer natural, mesmo num Estado laico — a presença de tantos símbolos religiosos e outras práticas tais, como a que consta no projeto de lei aprovado recentemente.
Contudo, o vereador lembra que esta presença de elementos religiosos não deve se restringir à tradição cristã, hegemônica no país. Outras culturas também devem ter espaço, em particular aquelas que têm contribuído para a formação da identidade brasileira. Há algum tempo, inclusive, o próprio parlamentar aprovou Título Post-Mortem de Cidadania Benemérita a Cirene Candanda, representante destacada do candomblé e da luta contra a discriminação racial na cidade.
Cheker lembra ainda que as religiões têm em comum a procura pela melhoria da vida, tanto pessoal como em sociedade, o que deve ser valorizado. “Penso que a religiosidade traz uma pregação de tolerância e paz que é bem-vinda e serve ao propósito de uma cultura humanista, em sentido amplo”, afirma.
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À TVE, vereador Flávio Cheker fala sobre os limites entre a política e o religioso