Juiz de Fora recebe, pela primeira vez, o festival “Cinema pela Verdade”, que promove a reflexão e o debate sobre o período da ditadura militar brasileira, através de documentários e diálogos entre pessoas atuantes na área e população. Com sua quarta edição em 27 estados, o primeiro dia do evento aconteceu nesta terça-feira, 14, no Museu de Artes Murilo Mendes (Mamm), com a presença do secretário de Desenvolvimento Social e membro da Comissão Municipal da Verdade, Flávio Cheker, como debatedor, acompanhado da pesquisadora Daniela Lisieux.
O debate instigou os participantes a se envolverem em questionamentos e novas perspectivas sobre o regime após a exibição do documentário “Democracia em Preto e Branco”, filme de 2014 dirigido por Pedro Asbeg. A sessão resgatou a história de músicos, esportistas e políticos que, em 1982, uniram forças para mudar o rumo do país, com ênfase na militância dos jogadores do Corinthians. Nesta quinta-feira, 16, a mostra continua com a exibição aberta ao público do filme “Em Busca de Iara”, e a programação segue nesta sexta-feira, 17, com o documentário “Osvaldão”, sempre às 14h30, no Mamm.
Durante o bate-papo, o secretário destacou a importância da arte aliada a uma representação fiel da realidade vivida pela população durante a ditadura, para que os cidadãos se informem sobre esse período e contribuam para a constante valorização da democracia. “É extremamente necessário que os filmes provoquem a reflexão sobre o que foi esse perverso passado ditatorial. Ter clareza sobre esse momento na perspectiva de superação para que isso nunca mais ocorra faz com que mobilizemos as pessoas sobre o tema”, ressalta Flávio, lembrando de uma passagem do documentário: “o personagem fala que o mais devastador da ditadura, além dela mesma, é o que o regime impacta no futuro”.
O festival é realizado pelo Instituto Cultura em Movimento (Icem) em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) e chegou à cidade através da mobilização da estudante de Cinema da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Júllia Aranha. A responsável pela mostra teve por objetivo aproximar o tema da população, principalmente dos mais jovens. “Com a internet, por exemplo, as pessoas têm acesso a diversas opiniões e relatos e, mesmo assim, não se posicionam para a manifestação do que é certo. Pensar sobre o processo da ditadura é essencial, e os filmes são um caminho para conhecermos essa realidade”, aponta Júllia.
Entre os pontos discutidos no encontro, a censura, as perseguições e os protestos da população em meio à opressão foram lembrados. “A memória do regime militar deve ser constantemente discutida para que o tempo passe e não desconstrua essa fase, virando um mito desconhecido pelas gerações”, frisa a debatedora Daniela.
TEXTO: Thaiza Gribel
* Informações com a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Desenvolvimento Social, pelo telefone 3690-8314.