“Em que pesem os pronunciamentos que ouvimos nessa tarde, há mais vontade de resolver os problemas do que propostas concretas”, concluiu o vereador Flávio Cheker na audiência pública que convocou como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara, juntamente com os outros membros da comissão, para tratar da situação da população de rua de Juiz de Fora. Citando o escritor mineiro Guimarães Rosa, Cheker considerou que morar na rua não é escolha, mas a falta dela: “sapo não pula por boniteza, mas porém por precisão”.
O vereador mostrou perplexidade com a intervenção da Secretária de Assistência Social que, embora seja responsável pelas políticas públicas da área, afirmou ser necessário realizar um diagnóstico sobre a realidade dessa população. “A quem foi dirigido esse clamor? Ao Prefeito?”, questionou Cheker. “Não é possível que a gestora da área diga isso, quando deveria dizer “nós estamos fazendo ou vamos fazer esse diagnóstico”, acrescentou.
Cheker lembrou que a reivindicação do diagnóstico não é de hoje e ressaltou que este momento, em que são discutidas a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária (LO), é a hora ideal para resolver a questão do ponto de vista orçamentário.
Mais do que políticas públicas de assistência social, Flávio acredita que “falta é articulação do governo. Tudo parece ser feito à base de golpe de sorte”. Para reforçar essa afirmação, citou o comportamento do governo em relação à construção do centro de triagem de materiais recicláveis, que vai beneficiar a população de rua.
Cheker lembrou todo o percurso: a longa espera pela definição, por parte do Executivo, do local de construção do centro, que se estendeu por mais de um ano e foi marcada por sucessivas mudanças; a pressão exercida sobre o governo para resolver a questão, sob pena da perda dos recursos obtidos no Banco do Brasil para a obra, e a malfadada reunião convocada há duas semanas atrás para resolver novas pendências em relação ao terreno, que não se concretizou em função da ausência de representantes do governo.