Sete horas da manhã, o sol já se faz alto no céu de Juiz de Fora. A cinco dias das eleições, é na Praça da Estação que tem início mais um dia de campanha para Flávio Cheker. A escolha do local não é aleatória. Como é tradicional, centenas de pessoas passam por ali, vindas de diferentes regiões da cidade, a maioria apressada para o trabalho. Isso, contudo, não impede uma breve pausa para “dois dedos de prosa”.
– Bom dia! Sou Flávio Cheker, vereador de Juiz de Fora, há muito tempo na vida pública, sem nunca ter meu nome envolvido em qualquer maracutaia.
Ainda que com certa timidez, a grande maioria das pessoas aceita conversar, descontraídas com a abordagem do vereador. Outras, por sua vez, iniciam um verdadeiro interrogatório. Os temas vão desde “qual seu projeto para Juiz de Fora” a reclamações contra a Prefeitura. Calmamente, Cheker retoma sua trajetória como vereador, fala de suas leis aprovadas, explica como fez oposição nestes últimos anos.
Próximo das dez, Cheker já está na Feira de São Mateus. O tradicional encontro das quartas-feiras na rua Coronel Pacheco embala a caminhada. Entre uma conversa e outra, ouve-se uma frase conhecida:
– O senhor já foi meu professor!
A frase repete-se todos os dias, como um mantra. Em parte significativa das vezes, vem acompanhada de agradecimentos pelo professor ter ensinado além das letras, o prazer da leitura – para a alegria de Flávio.
No início da tarde, Flávio já se dirige para uma reunião com moradores na Vila Olavo Costa. No meio do caminho, em busca da Rua da Esperança, o carro para junto a um grupo de jovens. A conversa, desta vez, é sobre a importância do voto. Dois deles ainda não possuíam título de eleitor, mesmo com vinte anos de idade.
O encontro ocorre em um sobrado localizado numa das elevações do bairro, de onde se pode ver grande parte da zona sudeste de Juiz de Fora. Ali, um grupo formado predominantemente por mulheres aguarda Flávio. Após mais uma vez contar sua trajetória, destacar seus projetos e realizações, o momento é de Flávio escutar. Duas histórias chamam a atenção, dando a dimensão da realidade da cidade, e de suas possibilidades. Primeiro, o relato de uma senhora que, após uma grave queda, fraturou a mão. Encaminhada ao HPS, aguardou horas na fila para ser atendida com quase sem nenhuma atenção. O tratamento sugerido – para ela e para outros tantos usuários do sistema público de saúde – resumiu-se a um remédio para dor. Nenhuma radiografia ou outro tipo de exame. A tristeza, contudo, dá lugar à esperança quando o assunto se torna o Restaurante Popular. Vários dos presentes comemoram a inauguração do equipamento, ainda que objetando contra as filas. Flávio lembra quanto trabalho teve para que o projeto seguisse em frente e ressalta que, caso Margarida fosse eleita, Juiz de Fora já poderia ter mais de um desses restaurantes.
Mesmo próximo das eleições, o trabalho como vereador não para. Já no final da tarde Flávio está em seu gabinete na Câmara. Era a vez de estudar e dar parecer para diversos projetos de lei, responder correspondências recebidas, dar andamento a processos internos.
À noite, Flávio é mais um entre os milhares de pessoas que compareceram ao Largo do Riachuelo, local do último comício da campanha de Margarida Salomão à prefeitura. Convidado ao caminhão de som, ele discursa sobre a mudança que cidade precisa viver. Lembra das grandes mudanças que o Brasil tem vivido, da revolução silenciosa que está em curso. E convoca a todos e todas a fazer esta mesma mudança acontecer em Juiz de Fora.
Já são quase dez e meia da noite e Flávio vai se dirigindo para o carro que o levará para casa. Ainda dá tempo de passar mais um folheto para o dono do estabelecimento que vai fechando as portas de seu comércio e o cumprimenta, amistoso.