Instalações da Cesama em diferentes estações de tratamento estão seriamente deterioradas, colocando em risco os trabalhadores que ali operam, o próprio sistema de cuidado da água, e mesmo a população do entorno. A denúncia foi feita pelo vereador Flávio Cheker na sessão desta sexta (24), na Câmara Municipal. Tais irregularidades são apontadas em relatório de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, entregue ao parlamentar esta semana.
A fiscalização tinha por objetivo verificar as condições de trabalho em quatro estações de tratamento de água (ETA), de Dias Tavares, Castelo Branco, Distrito Industrial e São Pedro, além das estações de tratamento de esgoto (ETE) de Barbosa Laje e Barreira do Triunfo. Durante as inspeções, o engenheiro Luiz Carlos dos Santos Cruz, que assina o documento, encontrou as instalações gravemente deterioradas, principalmente quanto ao armazenamento de produtos químicos, como ácido. Em sua conclusão, o fiscal afirma que os locais “apresentam-se com potencial de serem acometidas por acidentes que podem (…) ser classificados como Acidente Industrial Maior com conseqüências danosas para os trabalhadores, o meio ambiente e a coletividade”. Ele ainda exige que medidas de caráter emergencial sejam tomadas pela Cesama.
Foram expedidos ao todo quinze autos de infração, que se referem desde deixar de adquirir equipamentos de proteção individual e falta de higienização a más condições de instalações elétricas, falta de segurança para estocagem de produtos tóxicos e armazenamento indevido. A Cesama também foi autuada por deixar de remunerar o exercício do trabalho em condições de insalubridade.
O relatório produzido pelo fiscal destaca os diferentes tipos de irregularidades. Na ETA de Dias Tavares, ele chama a atenção para o processo de dosagem das soluções de produtos químicos, algo que se repete em outras estações, a qual define como improvisada e amadora, “não condizente com uma empresa de saneamento do porte da Cesama”. Na ETA do Distrito Industrial, os vasilhames utilizados para armazenar o ácido fluossilício não possuem qualquer sinalização de alerta. Ali também, o material de proteção individual encontra-se empoeirado, com traças e teias de aranha. Já na ETA de São Pedro, o armazenamento de gás cloro está sendo feito de modo inadequado, permitindo danos às ligações e propiciando o vazamento, que “se torna de alto risco para moradores que residem na vizinhança”, conclui o engenheiro. As fotos do relatório impressionam pela deterioração dos equipamentos e grau de risco.
Além da denúncia, o vereador Flávio Cheker teve aprovado Pedido de Informação, inquirindo o Executivo sobre se tem ciência deste quadro e quais medidas corretivas planeja. Para o parlamentar, a situação é particularmente grave por colocar sobre risco o meio ambiente e a segurança dos trabalhadores e comunidades próximas. “O pior é perceber, como nos atestou o engenheiro responsável pela fiscalização, que a correção deste quadro é de baixo custo, podendo ser feita a qualquer momento pela Cesama e Prefeitura. Diante disso, é intolerável encontrar a empresa nestas condições”, conclui.