A preocupação com o grande atraso nas obras e com as indefinições quanto ao modelo de gestão foram a tônica da coletiva de imprensa concedida na manhã de ontem (1°) pelos membros do Comsea (Conselho Municipal de Segurança Alimentar). Na entrevista, realizada no próprio local do empreendimento – em meio aos entulhos e sacas de cimento e areia presentes ali –, eles manifestaram-se contra a morosidade dos trabalhos e contra a restrição da participação da entidade nas decisões que afetam o restaurante.
Integrante do conselho, o vereador Flávio Cheker lembrou que as promessas do Executivo eram de que o Restaurante estaria funcionando primeiro em março e depois em agosto desde ano. Contudo, como a visita técnica deixou claro, ele só deverá estar concluído próximo ao final do ano. E olhe lá! De acordo com a empresa responsável pela obra, há atualmente apenas cinco funcionários trabalhando. Se outros fossem contratados, tudo poderia estar pronto em apenas um mês. “No entanto, parece que a Prefeitura vem protelando a finalização dos trabalhos. Deste modo, milhares de pessoas se vêem privadas do constitucional direito de se alimentar. Nada justifica isso”, ressaltou o parlamentar.
Presente à inspeção, a secretária do Comsea, Bettina Koyro, destacou que, se há algum debate sobre o modelo de gestão do Restaurante, este está sendo feito sem a participação da sociedade civil. “O conselho possui dois representantes no Comitê de Gestão. Contudo, até hoje, nenhuma reunião foi realizada”.
Para Maria Inês Reis Umbelino, da Arquidiocese de Juiz de Fora e também integrante do conselho, o isolamento assumido pela Prefeitura deixa de aproveitar importantes contribuições que o Comsea poderia oferecer. “Nossos membros passaram por inúmeros treinamentos e cursos no Ministério do Desenvolvimento Social. Nesta fase de início das atividades, esta experiência acumulada seria essencial para esta operação de guerra que é a operação do Restaurante. Contudo, somos isolados de qualquer participação”.
Ainda segundo Umbelino, diversos outros profissionais, para além dos operários, já deveriam estar trabalhando no local, como assistentes sociais e nutricionistas. “Para funcionar, o Restaurante já deveria estar definindo que públicos irá atingir, quais serão os preços praticados, cadastrando moradores de rua, membros de programas sociais. Tudo isso se refere à gestão do empreendimento, mas são temas ainda não discutidos”.
Já Bettina Koyro manifestou-se contra a posição da Prefeitura, de consultar os estabelecimentos comerciais da cidade quanto ao Restaurante. “Ninguém questiona se a instalação de um posto de saúde atrapalha o funcionamento de hospitais particulares. O Restaurante Popular é um direito da população mais carente. Não há porque vê-lo como uma ameaça”.
De acordo com a empresa responsável pelo empreendimento, Margem Construção e Comércio Ltda., restam concluir as instalações das esquadrias e vidros, e equipamentos que dependem de licitação, como os de cozinha, higienização, câmera frigorífica, mobiliário e louças.
O vereador Flávio Cheker destaca que estas questões foram debatidas em novo encontro do Comsea, realizado na noite de ontem. Participaram da reunião representantes da Prefeitura, como os secretários de Planejamento, André Zuchi, e de Agricultura e Abastecimento, Airdem Soares, que deram explicações e se mostraram sensíveis aos questionamentos e preocupações dos membros do Conselho, tendo sido agendada data para os debates cobrados pelos conselheiros, além de outros encaminhamentos práticos. “Queremos uma resposta efetiva do Executivo. É inaceitável que a sociedade civil permaneça excluída das discussões. Queremos que as obras se encerrem logo e as definições aconteçam o quanto antes”, afirma.
Leia também:
Novos atrasos nas obras do Restaurante Popular
Audiência Pública debate segurança alimentar em JF
Restaurante Popular: eu espero, tu esperas, que tem fome também espera
Quando o Prefeito Custódio Mattos tomar posse, aí sim, possivelmente pode ser que o Restaurante Popular seja inaugurado. Vamos aguardar.
José Tadeu Almeida Pinto.
Em: 23/09/2011.