Considerar o encarcerado um possuidor de direitos, em processo de recuperação para reintegração à sociedade. Esta foi a mensagem levada pelo vereador Flávio Cheker aos estudantes da Escola Estadual Antônio Carlos, em debate ocorrido na manhã desta terça-feira (17/05). O evento, promovido pelo Ipac (Instituto de Pesquisa Antônio Carlos, ligado à instituição) procurou discutir a questão do encarceramento, focando particularmente na juventude. Também participou do evento o diretor do Centro Socioeducativo de Juiz de Fora, Alexandre Correia.
Em sua fala, Cheker procurou discutir a temática do encarceramento junto aos estudantes, enfatizando particularmente a necessidade de se evitar possíveis preconceitos que envolvem a questão. O vereador recusou visões de mundo que consideram os reclusos como “lixo humano”. Tais perspectivas de abandono reforçariam a não-funcionalidade da reclusão, não recuperando o encarcerado e transformando os presídios nas chamadas “universidades do crime”. Segundo ele, apesar de condenados, são pessoas que devem ser tratadas sob o arco maior do conceito de dignidade, sob a custódia do Estado e com os direitos e obrigações previstos na legislação.
Para tanto, o vereador ressaltou que tanto Estado como sociedade devem cumprir com sua parte. Ao Poder Público cabe o investimento em políticas de recuperação do encarcerado, fazendo da reclusão um ambiente positivo, de crescimento e aprendizagem. À sociedade, ele cobrou esforço no sentido de reintegrar o ex-recluso ao convívio social, particularmente por meio do trabalho. Cheker lembrou das excelentes experiências onde é oferecido a oportunidade de aprendizagem e exercício de um ofício nos presídios.
Cheker lembrou que as drogas estão intimamente ligadas ao encarceramento. Segundo ele, parte significativa dos presos de Juiz de Fora está nesta situação por condenação relacionada ao tráfico. O vereador também alertou para os riscos ligados à dependência das drogas, particularmente o crack. Segundo ele, é importante que a cada dia os jovens, como aqueles estudantes participantes do debate, procurem se informar mais sobre o tema, de modo a evitar os problemas trazidos por esta “forma perversa de compulsão”, e que se abate não só sobre o dependente, recluso ou não, mas sobre seus amigos e família. Cheker trouxe à baila “frase machadiana”, enfatizando a importância da infância na definição dos rumos do futuro adulto. Em tom descontraído, mantendo a atenção da compenetrada plateia, observou que “não há a pretensão em originalidade nas soluções. São conhecidas. Falta difundi-las e implementá-las na prática social”.