Após mais de duas horas e meia de discussão, a sensação de frustração e de pouco avanço. É esta a avaliação do vereador Flávio Cheker sobre os resultados alcançados pela audiência pública realizada nesta terça-feira (19), no plenário da Câmara Municipal de Juiz de Fora. Convocada pelo parlamentar, a audiência visava debater a implantação da política de segurança alimentar na cidade, enfatizando particularmente o atraso na instalação do Restaurante Popular e do Banco de Alimentos, e sobretudo o debate sobre modelos de gestão destes empreendimentos. Contudo, nenhuma resposta satisfatória foi apresentada pelos representantes da Prefeitura, os secretários de Administração, André Zuchi, e de Agropecuária e Abastecimento, Airdem Gonçalves de Assis.
“Hoje esta Casa recebeu dois secretários municipais que muito falaram e nada disseram” sentenciou Cheker, após o pronunciamento dos dois representantes do Executivo. “Enquanto um apenas contou a história da implantação do Restaurante Popular, o outro tão somente se ateve aos números da agricultura na cidade, temas que todos nós já conhecemos”, completou. O vereador reagiu ainda às justificativas apresentadas por estes sobre os atrasos, atribuindo a demora ao ritmo que a decisão política obriga a se sujeitar. Citando Betinho, um dos principais nomes na luta pela segurança alimentar no país, o parlamentar alertou: “secretários, não é possível que assuntos tão importantes sejam tratados como se fossem se resolver naturalmente”.
Cheker enfatizou que a gestão do Restaurante Popular e do Banco de Alimentos é de importância fundamental para o sucesso do empreendimento. “Nos restaurantes que visitamos em diversas cidades do país, seu funcionamento exige uma verdadeira operação de guerra. Contudo, a Prefeitura age ‘em banho-maria’” afirmou, completando: “Não se pode considerar que um ponto tão estratégico como este vá ser resolvido apenas pelo talento dos técnicos da Prefeitura. É preciso que se inclua a sociedade civil”.
O debate sobre a importância da gestão foi mais uma vez lembrado por Cheker quando se discutiu os impactos da instalação do Restaurante Popular sobre a região central. Manifestações vindas dos secretários e dos vereadores ali presentes indicavam que o preço a ser praticado nas refeições não deve por em risco o serviço oferecido pelos restaurantes daquele entorno. Porém, o vereador petista lembrou que os estudos sobre isso já foram realizados e que, para além disso, é ali que a população deseja a implantação do restaurante. Sobre a tarifa a ser cobrada, destacou que quanto mais eficiente for a totalidade do empreendimento, menor será o subsídio prestado pela Prefeitura. “Quanto mais eficiente for a gestão, quanto melhor for o aproveitamento do Banco de Alimentos, quanto maior for o recurso à produção da agricultura familiar, do Programa de Aquisição de Alimentos, mais barato fica a alimentação”.
Como encaminhamento da audiência, os secretários presentes aceitaram formar uma comissão com os integrantes do Consea (Conselho Municipal de Segurança Alimentar) para se discutir a implantação de um modelo de gestão para o Restaurante Popular e o Banco de Alimentos. Na audiência, estiveram presentes produtores rurais, representantes de entidades da agricultura familiar, do Consea, Ceasa, Emater, e Arquidiocese de Juiz de Fora, além de alunos e professores dos cursos superiores de Nutrição.