“Cinearte Palace: Um Destino em Discussão” poderia ser apenas o título de mais um filme a ser exibido nas salas de projeção da cidade. Entretanto, a possibilidade de fechamento de um dos últimos cinemas de rua da cidade levou o vereador Flávio Cheker a realizar audiência pública, no dia 19 de fevereiro, no plenário do Legislativo, com o objetivo de debater e encontrar os mecanismos necessários para a manutenção desse espaço aberto à cultura local.
“Felizmente para aqueles que amam o cinema de arte, para todos os segmentos sociais que se beneficiam dos projetos sociais que acontecem ali e para o bem da cidade – que não terá que conviver com a deterioração do espaço urbano, que aconteceria com o fechamento do imóvel – a Audiência Pública conseguiu que o Cinearte Palace não interrompa sua atividade de imediato, conforme havia sido divulgado”, ressaltou o vereador.
A polêmica teve início quando o administrador Adhemar Oliveira explicou que os recursos financeiros não são suficientes para manter o espaço em funcionamento. Isto porque, segundo afirmou, o projeto do Cinearte sempre foi o de incentivar o cinema nacional e as produções alternativas, o que o diferencia de outras salas (geralmente instaladas nos shopping centers) que exibem filmes estrangeiros de grande sucesso de bilheteria, e que para sobrevivência do cinema (como é o Cinearte Palace), há que se contar com parcerias.
O espaço teve seu projeto de isenção de 100% de ICMS e Imposto de Renda, aprovado pelo Ministério da Cultura, através da Lei Rouanet, mas nenhuma empresa se propôs a participar. “Há mais de um ano não contamos com qualquer tipo de patrocínio, por isso nossa grade de programação foi diminuída, e contamos com apenas quatro funcionários. Precisamos de um mínimo de equilíbrio financeiro”, justificou Adhemar.
Flávio Cheker fez uma retrospectiva histórico-cultural sobre a importância do Palace e o destacou como referência de inúmeros projetos que vinham sendo desenvolvidos nesse espaço. Ele ressaltou o “Clube do Professor”, com mais de três mil profissionais associados, tanto da rede pública, quanto particular de ensino, e enfatizou “A Escola no Cinema”, que permitiu o acesso a alunos que jamais haviam pisado em uma sala de projeção, aproximando-os não só da arte, mas da educação, da cultura e da cidadania.
A discussão proposta por Cheker focou os principais problemas enfrentados pela administração e obteve alguns apontamentos para solucioná-los. A Prefeitura de Juiz de Fora anunciou, durante a audiência, a liberação de recursos da ordem de dez mil reais (R$10.000,00) mensais, que serão investidos na compra de ingressos, para a manutenção dos programas sociais, desenvolvidos no Cinearte Palace.
Foi formado, também, um grupo de trabalho composto pela Comissão de Educação, Cultura, Turismo, Esporte e Lazer da Câmara, (presidida pelo vereador Flávio Cheker); Funalfa; Secretaria Municipal de Turismo, Indústria e Comércio; Pró-reitoria de Cultura da UFJF; Grupo Luzes da Cidade e pelo diretor de programação do Palace, com objetivo de buscar a interlocução com empresas municipais, estaduais e nacionais, a fim de alocar recursos e patrocínio, evitando o fechamento definitivo do espaço cultural.
O Cinearte Palace funciona na esquina das ruas Halfeld com Batista de Oliveira – local tradicional da cidade – é originário do antigo cinema Palace, que inaugurado em 1948, foi totalmente remodelado (depois de ficar fechado por 14 anos) e reinaugurado, em 1998, com o nome de Espaço de Cinema Juiz de Fora Ltda – Cinearte Palace.
A antiga sala de projeção com 1005 lugares foi substituída por duas salas de 225 e 181 lugares, além de uma cafeteria no andar térreo. O terceiro andar do prédio (cujo estilo em art déco foi mantido em sua fachada) poderá abrigar uma galeria de arte. Atualmente o espaço não abriga qualquer atividade cultural e o Cinearte Palace já apresenta indícios da necessidade de novas reformas e restaurações.
Flávio espera que as atividades da Comissão formada durante a audiência possam ser ágeis…” É preciso que ela atue sem burocracia e com espírito prático. Mas não podemos deixar de atribuir também ao Poder Público a responsabilidade pela manutenção deste espaço. É preciso que haja uma soma de esforços e uma conjugação de interesses, para injetar um sopro de esperança na permanência do Cinearte Palace”, disse Cheker.