Uma loja na rua, com peças totalmente gratuitas, onde as pessoas que sentirem necessidade podem pegar o que quiserem, de acordo com seu gosto e preferência. A iniciativa partiu de jovens estudantes que nunca tinham se visto, mas compartilham da ideia que surgiu em 2014, na África do Sul, e nesse tempo se espalhou pelos quatro cantos do mundo. A rede social os uniu e a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), através da Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS), abraçou a causa. O primeiro Street Store de Juiz de Fora aconteceu no sábado, 26, na Praça da Estação e apresentou números impressionantes. Mais de oito mil peças arrecadadas beneficiaram mais de 600 pessoas carentes ou em situação de rua.
O secretário de Desenvolvimento Social, Flávio Cheker, esteve na praça durante o evento e presenciou a solidariedade das dezenas de voluntários que recebiam e guiavam as pessoas pela loja aberta. “Parabenizamos a equipe organizadora e agradecemos a parceria firmada. Realçamos ainda a importância de que as pessoas busquem os serviços da SDS através de ações coletivas como essa, lembrando que a ajuda individual, infelizmente acaba colaborando para fixação da pessoa em situação de rua”. Para Cheker, a iniciativa ainda reforça a humanidade desses cidadãos. “O gesto incentiva o protagonismo da pessoa em situação de rua através do livre exercício da escolha do que vão usar e vestir. Realça ao conjunto da sociedade que, embora estejam em situação de rua, são sujeitos detentores de direitos.”
A organizadora do evento Carolina Stroppa, estudante de Secretariado Executivo na Universidade Federal de Viçosa (UFV), mostrou-se satisfeita com o resultado e pretende fazer uma nova edição. ”O sucesso do evento nos surpreendeu pelo número de doações e pela quantidade de voluntários interessados em ajudar. A gente esperava umas 300 pessoas, não sabíamos que ficaria assim, cheio o tempo todo.”
Clientes da loja aberta
Durante a manhã e tarde do sábado, 26, mais de 600 pessoas passaram pela loja aberta do Street Store. O público se dividiu em pessoas em situação de rua e outras que não necessariamente estavam nessa condição, mas que também precisavam de ajuda. Alex Lima da Silva esteve em situação de rua por 12 anos e agora vive com a esposa no bairro Santa Rita, em uma casa paga com o aluguel social, benefício concedido pela PJF. Hoje é catador de papel e saiu da loja com a sacola cheia. “Eu achei muito bom poder escolher as coisas, ver o que é do meu tamanho. Peguei calça, camisa e um chinelo que era o meu número.” A esposa dele, Elaine Cristina da Silva, acompanhou o marido. “Peguei as coisas que estava precisando, peças íntimas, vestido e chinelo. Adoro coisas chamativas. Meu marido não vai poder falar que eu não me arrumei.”
A família de Vera Lúcia Fernandes, que mora no bairro São Damião, também foi beneficiada com a loja. Ela estava acompanhada pelas três filhas, além de outros cinco filhos, entre meninos e meninas, que esperavam em casa. “Eu estava precisando. Peguei coisas para todo mundo”, afirmou, apontando para dois sacos cheios de roupas. A filha dela, Bianca, de 5 anos, aproveitou a loja também para se divertir. Durante todo o tempo em que a mãe fez a triagem de roupas e calçados, a menina desfilou looks diferentes de vestidos, sandálias de salto e bolsas brilhosas. “Eu gostei muito de tudo, principalmente desse vestido e da bolsa” contou a menina, desfilando sua nova bolsa dourada, colar e anéis.
TEXTO: Michelly Meireles
*Informações com a Assessoria de Comunicação da SDS pelo telefone 3690-8314.